quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Conversando sobre as falhas


Para minha esposa a forma de falar tem um poder que, pra mim, é imensurável. A Kelly descobriu (e eu também) que, na definição de Gary Chapman das linguagens emocionais em seu extraordinário livro “As Cinco Linguagens do Amor”, ela se encaixa na linguagem descrita como “Palavras de Afirmação”.
Recordo-me do dia em que descobri o quanto isso era relevante para ela. Éramos recém-casados e a Kelly estava no último ano da faculdade e tinha que entregar uma monografia. O prazo estava chegando ao fim mas ela estava com dificuldades de concluir o trabalho; embora tivesse escolhido um excelente tema a ser abordado, respaldado por muito boas literaturas, corroborado por uma extraordinária pesquisa de campo, ela simplesmente não conseguia terminar. Ela olhou para mim, profundamente desanimada, e disse que estava pensando em desistir pois não se achava capaz de levar a monografia ao fim. Levei um choque com as palavras dela e, sem pensar em nada, sem premeditar nenhum momento de incentivo ou coisa do gênero, sem usar nenhum tipo de psicologia motivadora, apenas retruquei com indignação:
“Você é elogiada pelos professores em suas apresentações na escola desde a infância até a faculdade. Já é professora há anos e excelente comunicadora. Escolheu um dos melhores assuntos possíveis e, respaldou seu argumento com literatura de respeito, com pesquisas de campo e tantas inovações. Você conseguiu me impresisoanr e cativar com o assunto de forma impressionante e deixou sua orientadora ainda mais impressionada. Meu amor, se há alguém capaz de fazer bem este trabalho nesta terra, é você!”
Chegou a ser divertido a instantânea transformação da sua fisionomia e olhar. É como se, sem palavra alguma, ela estivesse gritando: “É verdade, eu sou capaz! Eu posso, eu consigo!” Naquele instante ela correu para o computador do escritório e ficou por ali algumas horas. Quando levantou-se bradou com ares de celebração: “Terminei! Está pronta! e ficou muuuuuuuuuito bom!”
A FORMA CORRETA DE FALAR
Ao falarmos sobre os deveres dos cônjuges também precisamos reconhecer que, se uma responsabilidade é negligenciada por um dos cônjuges, o outro tem todo o direito de reivindicar seus direitos. Mas há uma forma correta de fazê-lo. Críticas contínuas, reclamações repetitivas e cobrança ininterrupta certamente não irão ajudar o casamento de ninguém a ser aperfeiçoado. A melhor maneira de ajustar a questão dos deveres de cada um é através de conversa franca e de encorajamento!
Portanto, devemos aprender a falar com o cônjuge de forma correta. Não estou dizendo que nunca podemos criticar o comportamento do outro, pois falar a verdade é bíblico, bem como repreender a quem está no erro. Contudo, as Escrituras nos ensinam a seguir a verdade EM AMOR (ef 4:15) e é justamente aqui que encontramos o grande diferencial! A orientação bíblica é que nossas palavras sejam SEMPRE agradáveis:
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.”Colossenses 4:6
Além de agradável, nossa palavra deve ser temperada com sal. Isto fala de sabedoria de medir as palavras antes de serem ditas. Temperar a comida é uma arte; com pouco sal ela fica sem graça, com muito fica ruim. Assim como o sal tem que ser bem dosado, a nossa forma de falar também o deve. E o “tempero” não é generalizado; precisamos saber como responder a cada um. Cada pessoa tem a sua própria estrutura e jeito de ser; cada um tem seus limites e emoções diferenciados. Portanto, o “tempero” na hora de falar também deve ser personalizado.
Quero destacar que o propósito de compartilhar estas verdades não é trazer peso de culpa ou condenação a ninguém. Sei que tenho progredido nesta área desde o início do meu casamento até agora; mas também sei que ainda preciso crescer muito! Porém, se não chegarmos a conhecer estas verdades e não nos mantermos conscientes delas depois de tê-las conhecido, não seremos moldados por Deus em nossa forma de agir. Precisamos gastar tempo em meditação nestes assuntos da Palavra do Senhor; precisamos orar para que haja amadurecimento nesta questão. Portanto, espero encorajá-lo no Senhor a buscar mudança e transformação em vez de despertar o desânimo por não ter ainda alcançado o alvo.
“Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” Provérbios 16:24
Descobri também, com o tempo, que não eram apenas as palavras de elogio e incentivo que exerciam grande influência sobre minha esposa. As críticas eram devastadoras para sua alma. Eram o tipo de palavras que exerciam o tipo de resultado inverso ao da monografia. Porém, ainda assim, eu sempre argumentava com ela e defendia a ideia de que a verdade tem que ser dita e que quem está errado te que ser corrigido. A Kelly, por sua vez, dizia que não era contra a crítica e a correção em si, mas com a maneira como eu fazia aquilo. E repetia sempre:

“Não é o que você fala que me aborrece, é como você fala”.
Confesso que, para mim, era muito difícil entender isto. Um dia ela me pediu:
“Quando você quiser me corrigir, bem que você poderia começar e terminar com um elogio. Ficaria bem mais fácil”.
Retruquei imediatamente que isto era psicologia barata e que eu me recusava a jogar este tipo de jogo e fazer aquilo. Porém, um tempo depois, em meu momento de oração tive uma experiência constrangedora com Deus. Enquanto orava, tive uma forte impressão em frase muito nítida ecoava dentro de mim:
“Por que você Me acusou de usar de psicologia barata no trato com as pessoas?”
Rapidamente respondi que não tinha feito aquilo com o Senhor. Mas a impressão continuava ‘falando’ dentro de mim:
“Você disse à sua esposa que elogiar antes e depois de corrigir é usar de psicologia barata. E, se você examinar as sete cartas às igrejas da Ásia no livro de Apocalipse, vai descobrir que Eu agi exatamente desta forma. Logo, você me acusou de usar de psicologia barata!”
Fiquei chocado. Pedi perdão a Deus. Fui ler as cartas do Apocalipse e constatei a forma como Jesus se dirigiu às igrejas da Ásia: elogio primeiro, correção depois e elogio para finalizar! Por exemplo, veja a carta dirigida
à Igreja de Éfeso:
  1.  ELOGIO: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste”  (Ap 2.2,3).
  2. CORREÇÃO: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.” (Ap 2.4,5).
  3. NOVO ELOGIO: “Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço.” (Ap 2.6)
Você vai encontrar o mesmo princípio do elogio ou encorajamento anes da correção sendo aplicado por Jesus nas demais cartas às igrejas da Ásia. Precisamos aprender a usar nossas palavras para produzir encorajamento. Muita gente só causa ruína quando abre sua boca! Mas os justos tem uma forma de falar que fortalece:
“As palavras dos justos dão sustento a muitos, mas os insensatos morrem  por falta de juízo”. Provérbios 10:21
Tenho aprendido muito destas verdades com o Pastor Abe Huber que, mais do que apenas ser um cavalheiro, alguém polido e bem educado,  reflete Jesus na sua forma de tratar as pessoas. Ele, na condição de líder e discipulador, também tem que corrigir as pessoas. Mas ensina a melhor forma de fazê-lo dando o exemplo do sanduíche. Ele diz que a correção deve ser algo parecido com o hambúrguer: deve ser servido no meio do pão. Assim como o hambúrguer tem um pedaço de pão de cada lado, a correção deve ser acompanhada de elogios antes e depois da correção…
Isto, além de nos levar a praticar o falar de modo agradável (que é uma ordem bíblica, não uma mera sugestão – Cl 4.6), também vai encorajar a pessoa corrigida — em vez de só desanimá-la. Pois como disse Charles H. Spurgeon, conhecido como o príncipe dos pregadores: “A repreensão não deve ser um balde de água fria para congelar o irmão, nem água fervente para queimá-lo”.
Nenhum relacionamento sobrevive só de elogios. As pessoas são falhas, imperfeitas, portanto erram. Quando alguém erra precisa ser corrigido! Porém, ninguém precisa ser desagradável, mesmo que tenha correção ou críticas a fazer. A orientação bíblica não limita o quê falar ao seu cônjuge, mas modera como você falará com ele!
“A boca do justo produz sabedoria, mas a língua da perversidade será desarraigada. Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos perversos, somente o mal”. Provérbios 10:31,32
ENCORAJAMENTO
Lamentavelmente alguns realmente acreditam que ninguém precisa de incentivo e encorajamento, mas não é isso que o Criador pensa – e ninguém questiona que Ele entende bem sobre o homem (melhor que o próprio homem).
Basta perceber quantas vezes as Sagradas Escrituras mostram o próprio Deus encorajando seus servos para entender isto! Observe, por exemplo, como o Senhor fala com Josué:
“Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida. Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei. Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde quer que andares.” Josué 1:5,6,9
O que o Senhor está dizendo a Josué, seu servo, é basicamente o seguinte: “Você pode, você consegue! Você não está sozinho para cumprir esta missão, Eu estou contigo e te capacito. Seja forte e se atreva a confiar que Eu te usarei para levar este povo a desfrutar da promessa que está nação aguarda por séculos…”. Isso é que é encorajamento! Quase consigo ouvir um brado dos céus a Josué: “Você é o cara!”
Também deveríamos levar em conta que Deus trabalha a questão motivacional. É só olhar para as abundantes promessas de recompensa aos que O servem! Além do Senhor encorajar-nos ao trabalho mostrando-nos que podemos cumprir aquilo que nos foi confiado (nossa capacidade de resultado), Ele também motiva-nos lembrando continuamente que haverá galardão, recompensa (que ao final olharemos para trás reconhecendo que valeu a pena todo esforço e dedicação).
Se o Senhor demonstra (em suas conversas e promessas) que o ser humano precisa de encorajamento e motivação para realizar a Sua obra, precisamos entender que isto revela não apenas uma característica divina – que devemos imitar (Ef5.l) como também uma necessidade humana de receber encorajamento e motivação – que devemos compreender melhor.
O PODER DE NOSSAS PALAVRAS
Nossas palavras tem o poder de curar e de ferir. Mas não podemos usá-las de qualquer forma. O justo e o ímpio se distinguem em muitas coisas e, de acordo com a Palavra de Deus, não é só no seu caráter e atitudes, mas também na forma de falar:
“A boca do justo é manancial de vida, mas na boca dos perversos mora a violência”. Provérbios 10.11
Da boca do justo jorra vida; ou seja, palavras que vivificam, que comunicam vida espiritual (e mesmo emocional). Por outro lado, da boca do ímpio flui violência (palavras que ferem, que matam). De acordo com este texto, a violência no lar não é só física, mas também verbal. E pior: é uma característica do comportamento do ímpio. Confirmando esta verdade (que palavras ferem ou curam) a Bíblia ainda afirma:
“Alguém há cuja tagarelice é como pontas de espada, mas a língua dos sábios é medicina”. Provérbios 12.18
Nossas palavras possuem um poder maior do que conseguimos mensurar. Elas podem produzir vida ou morte! E isto se aplica a qualquer área da vida de alguém, embora aqui estejamos chamando atenção para o poder das palavras em nossa relação conjugal:
“A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.” Provérbios 18.21
Precisamos ter o cuidado com a forma de falar, pois, a maneira errada de falar não trará dano só a quem nos ouve. O problema também nos atinge! O livro de Provérbios mostra que guardar a boca (as palavras) é conservar a alma; por outro lado, o muito abrir os lábios (falar demais) traz ruína para quem fala:
“Do fruto da boca o homem comerá o bem, mas o desejo dos pérfidos é a violência. O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muiito abre os lábios, a si mesmo se arruína” Provérbios 13.2,3
Há momentos em que o silêncio é a maior expressão de sabedoria. Falar com o coração irado ou exasperado nunca fará bem a ninguém (nem ao que fala). Na hora das emoções alteradas devemos reter as palavras; quando o espírito estiver sereno, aí é inteligente falar:
“Quem retém as palavras possui o conhecimento, e o sereno de espírito é homem de inteligência”. Provérbios 17.27
As Escrituras ainda nos revelam que falar de modo sereno traz cura, enquanto que a língua perversa, por sua vez, traz mal trato ao íntimo (quebranta o espírito):
“A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas aboca dos insensatos derrama a estultícia. A língua serena é árvore da vida, mas a perversa quebranta o espírito”. Provérbios 15.2,4
“O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é”. Provérbios 15.23
CONSEQUÊNCIAS DA NOSSA FORMA DE FALAR
A maneira que adotamos de falar, produzirá consequências. A consciência deste fatopode nos ajudar a refletir sobre a forma correta de falar e, assim, evitarmos muitos transtornos e dissabores nos relacionamentos.
“A reposta branda desfia o furor, mas palavra dura suscita a ira” Provérbios 15.1
Quando alguém já está emocionalmente alterado, a maneira branda de falar irá aplacar seu sentimento e, de acordo com a Palavra de Deus, desviar seu furor. Por outro lado, uma palavra dura irá suscitar a ira. Portanto, precisamos aprender com a sabedoria bíblica (bem como com a humildade de Cristo) a sermos brandos em nossa forma de falar.
É por isso que a maior parte das tentativas de discutir a relação terminam em briga. As emoções já encontram-se carregadas e, para piorar, as palavaras duras só aumentam a ira já represada dentro do cônjuge.
Depois de muitos anos de ministério pastoral comecei a entender um pouco mais do porque as mulheres se queixam
tanto com seus maridos sobre a forma de falar. A célebre frase “não é o quê você fala e sim como fala que incomoda” repetida pelas esposas em todos os lugares, é mais do que uma grande coincidência. É um fato! A forma de falar tem sido um grande problema para os relacionamentos, especialmente
a forma de falar dos maridos!
Não adianta ser excessivamente duro em exercitar direitos e opiniões. Muitas vezes, as consequências de nossa falta de sensibilidade no falar são desastrosas! Como disse antes, tenho aprendido muito nesta área com o
pastor Abe Huber, meu discipulador. Primeiramente tenho aprendido muito através de sua conduta exemplar nesta área, mas também tenho crescido por meio dos preceitos ensinados. Nunca esqueço o dia em que, pela primeira
vez, o ouvi ensinando sobre este assunto. Ele falou acerca dos efraimitas e sua forma tempestiva de agir e também falou sobre como dois líderes em Israel lidaram de forma tão diferentes com estes homens da tribo de Efraim.
A primeira situação acontece com Gideão, logo depois dele vencer os midianitas e trazer livramento a Israel. Os homens da tribo de Efraim reclamaram com ele por não terem sido convocados para a guerra, mas ele os abrandou com a sua palavra:
“Então os homens de Efraim lhe disseram: Que é isto que nos fizeste, não nos chamando quando foste pelejar contra Midiã? E repreenderam-no asperamente. Ele, porém, lhes respondeu: Que fiz eu agora em comparação ao que vós fizestes? Não são porventura os rabiscos de Efraim melhores do que a vindima de Abiezer? Deus entregou na vossa mão os príncipes de Midiã, Orebe e Zeebe; que, pois, pude eu fazer em comparação ao que vós fizestes? Então a sua ira se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.” Juízes 8.1-3
Em outra ocasião, Jefté, também juiz em Israel, teve que lidar com a mesma atitude dos efraimitas. Porém, sua maneira de falar com eles e lidar com a questão foi bem diferente da de Gideão. O resultado? Uma tragédia nacional! Uma guerra civil que custou a morte de mais de quarenta mil pessoas:
“Então os homens de Efraim se congregaram, passaram para Zafom e disseram a Jefté: Por que passaste a combater contra os amonitas, e não nos chamaste para irmos contigo? Queimaremos a fogo a tua casa contigo. Disse-lhes Jefté: Eu e o meu povo tivemos grande contenda com os amonitas; e quando vos chamei, não me livrastes da sua mão. Vendo eu que não me livráveis, arrisquei a minha vida e fui de encontro aos amonitas, e o Senhor mos entregou nas mãos; por que, pois, subistes vós hoje para combater contra mim? Depois ajuntou Jefté todos os homens de Gileade, e combateu contra Efraim, e os homens de Gileade feriram a Efraim; porque este lhes dissera: Fugitivos sois de Efraim, vós gileaditas que habitais entre Efraim e Manassés. E tomaram os gileaditas aos efraimitas os vaus do Jordão; e quando algum dos fugitivos de Efraim dizia: Deixai-me passar; então os homens de Gileade lhe perguntavam: És tu efraimita? E dizendo ele: Não; então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia: Sibolete, porque não o podia pronunciar bem. Então pegavam dele, e o degolavam nos vaus do Jordão. Cairam de Efraim naquele tempo quarenta e dois mil.” Juízes 12.1-6
Gideão, com sabedoria, conseguiu abrandar o coração dos efraimitas e evitou derramamento de sangue. Jefté se viu na obrigação de se defender e sustentar o seu direito e causou um grande banho de sangue.
No Novo Testamento também vemos que a inflexibilidade trouxe grande dano à Igreja de Jesus, separando dois gigantes do apostolado aos gentios: Paulo e Barnabé…
“Decorridos alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como vão. Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos. Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no trabalho. E houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.” Atos 15.36-40
Barnabé queria dar uma segunda chance a João Marcos, uma vez que, na primeira viagem missionária, ele havia desistido logo no começo. Paulo, por sua vez, acreditava que, justamente por ter desistido, Marcos não poderia
ir nesta segunda viagem missionária. Vejo gente advogando a causa dos dois lados. Há quem defenda o coração de Barnabé como quem acredita nos outros e há quem defenda a coerência de Paulo de que viagem missionária
não é brincadeira e que, pelo comportamento errado da primeira viagem, Marcos ainda não estava pronto para a nova convocação.
Eu, particularmente, vejo um pouco de razão em cada um. Mas a questão não é quem tem a razão; trata-se de sensibilidade. Cada um foi inflexível em seu posicionamento e, pela discussão de quem seria (ou não) um ajudante a mais, perderam a companhia principal, a parceria que Deus havia gerado desde o início (At 13.2). É preciso entender que o relaciona mento vale mais do que se ter a razão na discussão.
Sabemos que depois houve algum concerto entre eles, pois Paulo, muitos anos depois, fala de Marcos como tendo sido reintegrado à equipe:
“…Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério” (2 Tm 4.11).
Que o Senhor nos dê graça e nos ensine a comunicar com nosso cônjuge segundo o Seu coração e os princípios da Sua Palavra.
(Extraído do livro “O Propósito da Família“, de Luciano Subirá)

Casamento: a saúde está no equilíbrio!



  • Definir casamento
Casamento é mais do que um relacionamento entre duas pessoas. É uma instituição. Isto quer dizer que é governado por expectativas legais, morais e comunitárias. Podemos afirmar que não importa o que o casamento signifique para determinado homem e mulher: o casamento tem significado definido para a coletividade. Como instituição, casamento tem certos sistemas de economia, governo, educação e outras coisas mais que vão além de um relacionamento íntimo simplesmente.
O que é necessário para construir um projeto de vida conjugal e de família a prova de tempestade, a prova de vendavais...
Alguém afirmou que "um bom casamento seria entre um homem surdo e uma mulher cega".
Na lua de mel quis falar sobre os defeitos dela. "Não precisa falar porque eu os conheço melhor do que voce, por vivo com eles desde criança, e se eu não os tivesse, teria encontrado alguém melhor do que você".
Equilíbrio entre:
1. INTIMIDADE E INDIVIDUALIDADE (GN 2.18).
Individualidade - respeito consigo mesmo. Mutualidade - respeito com os outros. O equilíbrio entre individualidade e mutualidade é um desafio permanente na vida de um casal (liberdade e compromisso). Isto porque é difícil construir uma relação em que os aspectos saudáveis de cada um se completam, onde um e outro possam ser o que são, coexistindo duas individualidades numa parceria. Carl A.  Whitakar diz que "quanto mais você é livre para ficar com os outros, especialmente com a sua mulher, mais você se sente livre consigo mesmo". Qual é o grau de liberdade e independência necessário para que a relação continue viva e abrigue possibilidades de desenvolvimento pessoal?
a) Deus criou o homem carente de relacionamento, com ânsia  de se juntar e não passar a vida sozinho (Gn 2.18).
b) Casamento não é uma chamada para o encarceramento, prisão ou escravidão, no sentido de perda total de liberdade e de individualidade. A unidade do casal não pode ser doentia. No amor não há  sentimento de possessividade.
c) Se uma pessoa é dominadora (possessiva) e tolhe a liberdade do parceiro, o companheirismo deixa de existir. À medida que o amor cresce, também crescem a liberdade, a responsabilidade e o próprio amor.
d) O equilíbrio entre a proximidade e a liberdade de cada indivíduo é uma das características mais importantes da completude.
e) Casamento problemático é aquele em que uma das partes enxerga as horas de separação, a individualidade e o espaço como ameaças. Para essa pessoa, a individualidade significa falta de amor e descaso. Ela só se sente amada quando está ao lado do outro.
f) Deve-se estar atento para o perigo de se usar a liberdade de modo destrutivo. Adão e Eva usaram a liberdade para pecar contra Deus. Paula fala sobre isso (Gl 5.13,14).
g) Não podemos usar nossa liberdade para satisfazer nosso egocentrismo.
h) Cada casal deve encontrar um grau de individualidade com sabedoria para que nenhum dos dois sofra.
i) A Bíblia diz: "Ame o próximo como você ama a si mesmo" (Mc. 12.33). Ao exercer a sua individualidade, não deixe de ver como a sua liberdade está afetando a pessoa que você ama. Você gostaria de ser tratado com desrespeito?

2. GRAÇA E VERDADE (JO 1.14; EF 4.15). "E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade". Paulo disse: "Seguindo a verdade em amor..."

   GRAÇA           VERDADE
AmabilidadeMoral
Empatia Padrões
Perdão Expectativas
Compaixão Ponderações
Compreensão Juízo
Provisão Acareação
Amor Disciplina
Amparo Limites
Solidariedade  Franqueza
Misericórdia Integridade

3. LIDERANÇA INTELIGENTE E SUBMISSÃO DEVOCIONAL (Marido - Ef 5.23, 35; ESPOSA - Ef 5.24 "...as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos") delinquente:
HOMEM - Governa;
MULHER - Edifica;
Como poderíamos definir "Liderança Inteligente".
3.1. Liderança com humildade.
3.2. Liderança com equilíbrio emocional.
3.3. Liderança com senso de humor.
3.4. Liderança com competência administrativa.
3.5. Liderança com autoridade. O que não é autoridade:
· Não é ditadura, tirania. Todo governo opressor é reprovado em qualquer lugar, isto porque escraviza, oprime, etc.
· Não é agir, com falta de respeito. ( Respeito gera respeito). Não se pode confundir grito ou expressão facial carrancudo com autoridade. Muitas vezes isto é falta de educação e de equilíbrio
· Não é tomar as decisões sozinhos. ( A mulher é a sócia da nossa vida). Se tosos os maridos chamassem suas esposas para participarem do que eles fazem, dando sugestões, opiniões, estas mulheres se sentiriam mais necessárias.
· Não é autoritarismo, abuso do poder. Quando o homem abusa da sua autoridade no lar, sua presença passa a ser indigesta e nada agradável para a família.

O que é sub-missão: Exercer missão de apoio, é estar casada com a missão do marido. A mulher "auxiliadora" não é:
· Dominadora;
· Autoritária;
· Possessiva;
· Insubmissa.
"A boa esposa é o orgulho do marido, mas a esposa que traz  vergonha ao marido é como câncer nos ossos dele". (Pv 12.4) 
"A beleza na mulher sem juízo é como uma jóia de ouro no focinho de um porco". (Pv 11.22)
 TODO MARIDO ESPERA TER AO SEU LADO UMA ESPOSA QUE FACILITE O CRESCIMENTO CRESCIMENTO.

Quais são as características de uma esposa que faz a diferença na vida do marido:
1) Sua ajuda é " criativa". O sonho de toda mulher é que o marido seja um homem de Deus. Para conseguir esse objetivo, ela precisa conhecê-lo bem e ser capaz de identificar os dons e habilidades  que Deus lhe de, assim como precisa conhecer bem a Deus para saber como Ele pode usar os talentos do seu marido para o progresso do seu reino.
2) A o marido participar de atividades que ela não esteja envolvida.
3) Ela sempre está aberta às mudanças, e procura discernir os talentos que pode admirar no marido. Procura sempre elogiar as qualidades do seu marido.
4) Estabelece limites claros para sua atuação.
5) Procura oportunidade e maneiras de encorajar e ajudar o marido a desenvolver suas qualidades.
6) É capaz de ouvir o marido, sem consertá-lo, interrogá-lo ou repreendê-lo.
7) Sempre esta se perguntando: "Eu estou alimentando as qualidades ou os defeitos do meu marido? Como posso comunicar meu amor por ele?" 
Os melhores dons do homem e da mulher - governar ou edificar- tem o mesmo objetivo primordial, aperfeiçoar um ao outro, completar um ao outro e desenvolver um casamento que reflita uma imagem mais perfeita de um Deus santo.

5. FIDELIDADE E AMIZADE NA PERSPECTIVA DO TRATAMENTO.
· A confiança é a base de qualquer relacionamento.
· Pv 5.15
· Por que as pessoas traem? Causas neoróticas e as não neoróticas.
Segundo o terapeuta norte-americano Alert Ellis).

  • Causas não-neuróticas:
Insatisfação sexual no casamento que pode levar a busca de compensação. A perda de atração pelo companheiro(a). O desejo sexual vai ficando reprimido e as fantasias vão se multiplicando até levar ao adultério. A excessiva absorção no trabalho, pode produzir no outro uma sensação de rejeição e abandono. O tédio, que vem da repetição, da rotina e que gera indiferença sexual e emocional. Extensos períodos de ausência. A pressão de estar longe de casa durante longos períodos de tempo pode ser esmagadora. Doenças físicas de vários tipos. Gestações sucessivas.

  • Causas neoróticas:
* Os "mimados" - são aqueles que acreditam que precisam de tudo o que desejam. Encaram caprichos temporários com necessidades básicas. Os casos nunca correspondem sua expectativas, que são, aliás, irreais (ex: a síndrome do fim de semana perfeito, do sexo perfeito).
Os "narcisistas"- eles se consideram irresistíveis, têm uma necessidade constante de reconhecimento e admiração, uma enorme preocupação consigo mesmos e uma total incapacidade de corresponder. Adultério para eles é uma experiência de auto - engrandecimento.
Os "os fujões" - são aquelas pessoas que estão fugindo não apenas de si mesmas, mas da própria vida.
Os "imaturos"­ - são os que através da infidalidade procuram afirmar, provar eternamente sua masculidade ou feminilidade. A vida se transforma num teste contínuo de sedução. A mola propulsora desse comportamente é ansiedade.
Os "inseguros" - são pessoas que se autodesvalorizam, não se respeitam e não têm auto estima. Usam o adultério como fuga.
Os "vazios" - são os que sofrem de um grande vazio existencial  e se recusam a dar um sentido para a própria vida. Estes vão tendo relacionamento promíscuos para encobrir a falta de nexo dentro de si mesmos.
Os "vingativos"- São os que traem tendo como motivação um sentimento de vingança.

"O adultério transforma um rio de águas cristalinas em um esgoto, pessoas livres em escravas e homens em animais irracionais"
A fidelidade conjugal da segurança ao casamento e garante a bênção de Deus na vida do casal. Veja o a Palavra de Deus diz: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros". (H. 13:4) Na verdade, o adultério é a manifestação da necessiade de cura, libertação interior.
· Amizade na perspectiva do relacionamento.

4. Amor romântico Ct 5 e amor sacrifical Ef 5.
· Amor romântico - é a ornamentação do prédio.
· Amor sacrificial - é o alicerce do prédio.

Josué Gonçalves