sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Guerra em família



O ca­sal da ci­da­de de Gre­no­ble, na Fran­ça, mal acre­di­ta no re­ca­do que aca­ba de re­ce­ber. Seu fi­lho Eric, de 21 anos, está mo­ven­do um pro­ces­so con­tra eles. "Meu ma­ri­do che­gou a rir. Acha­va que nenhum juiz iria le­var aqui­lo a sé­rio", con­ta a es­po­sa. Es­tu­dan­te de ciên­cias so­ciais, o ra­paz saiu de casa em meio a uma dis­cus­são em que acu­sou a fa­mí­lia, en­tre ou­tras coi­sas, de "fal­ta de ma­tu­ri­da­de po­lí­ti­ca". De­pois de fi­car três me­ses na casa da mãe da na­mo­ra­da, acio­nou a fa­mí­lia ju­di­cial­men­te, ale­gan­do aban­do­no de sus­ten­to. Ga­nhou o di­rei­to de re­ce­ber dos pais o equi­va­len­te a mil reais por mês. Eric, que hoje vive com a na­mo­ra­da, só fala com a fa­mí­lia por meio de ad­vo­ga­dos. O po­li­cial Lio­nel Del­beck tam­bém pas­sou por ex­pe­riên­cia igual­men­te amar­ga. Pro­ces­sa­do pela filha de 19 anos, diz que não se es­que­ce do dia em que es­te­ve fren­te a fren­te com ela no tri­bu­nal. "Não con­se­guia pa­rar de cho­rar", con­ta. Con­de­na­do em pri­mei­ra ins­tân­cia, con­se­guiu re­ver­ter a senten­ça de­pois de pro­var que a moça ha­via aban­do­na­do os es­tu­dos e que o mo­ti­vo da ação era o plano de vi­ver com o na­mo­ra­do. "Até hoje não con­si­go fa­lar com ela", diz o po­li­cial. Le­var os pais para o tri­bu­nal está vi­ran­do moda na Fran­ça. Em um só ano, qua­se dois mil jo­vens pro­ces­sa­ram os pró­prios pais com o ob­je­ti­vo de ob­ter uma es­pé­cie de me­sa­da com­pul­só­ria, o que por lá é le­gi­ti­ma­do pela lei. O Ar­ti­go 203 do Có­di­go Ci­vil es­ta­be­le­ce que as fa­mí­lias têm o de­ver de susten­tar os fi­lhos até que eles en­con­trem um em­pre­go es­tá­vel. "É a Jus­ti­ça pa­tro­ci­nan­do a desintegra­ção da fa­mí­lia", re­cla­ma Hil­lary Roc­ca, ca­sa­da com o en­ge­nhei­ro Pa­trick Roc­ca, am­bos devi­da­men­te en­qua­dra­dos. Com am­pa­ro le­gal ou não, o que se per­ce­be em todo o mun­do é a cres­cen­te fal­ta de res­pei­to por par­te dos fi­lhos e a con­se­qüen­te fra­gi­li­za­ção das re­la­ções fa­mi­lia­res. Exis­te um ver­da­dei­ro abis­mo en­tre as re­la­ções fa­mi­lia­res dos tem­pos mo­der­nos e as da épo­ca bíbli­ca. Na­que­les tem­pos, a con­si­de­ra­ção pela opi­nião e ex­pe­riên­cia pa­ter­nas era tão gran­de que freqüen­te­men­te os fi­lhos per­mi­tiam aos pais es­co­lhe­rem seu côn­ju­ge. É o que ocor­reu com Isa­que. Seu pai, Abraão, já bas­tan­te ido­so, preo­cu­pa­do com o fu­tu­ro do fi­lho, en­viou seu "mais an­ti­go ser­vo", que go­ver­na­va tudo o que o pa­triar­ca pos­suía, a bus­car uma es­po­sa para Isa­que. E a his­tó­ria teve um fi­nal fe­liz, sen­do Re­be­ca um bên­ção ao "fi­lho da pro­mes­sa". O res­pei­to aos pais é algo tão im­por­tan­te que exis­te um man­da­men­to, en­tre os dez, que ordena:"Hon­ra teu pai e tua mãe"(Êxo. 20:12). Um dos pro­pó­si­tos des­se man­da­men­to é criar o respei­to por toda au­to­ri­da­de le­gí­ti­ma. É cla­ro que, para se­rem res­pei­ta­dos, os pais de­vem res­pei­tar e amar seus fi­lhos. Em Efé­sios 6:1-4, o após­to­lo Pau­lo fala so­bre os dois la­dos da ques­tão: os fi­lhos devem hon­rar os pais e os pais não de­vem ir­ri­tar os fi­lhos. Se­ria bom as fa­mí­lias mo­der­nas da­rem mais aten­ção às re­co­men­da­ções bí­bli­cas no que diz res­pei­to às re­la­ções fa­mi­lia­res. Tris­te como pos­sa ser a con­di­ção atual de mui­tas fa­mí­lias, essa si­tua­ção se cons­ti­tui num dos claros si­nais da bre­ve vol­ta de Je­sus. O após­to­lo Pau­lo afir­mou que, nos úl­ti­mos dias, as pes­soas seriam "de­so­be­dien­tes aos pais" (2a Tim. 3:2). Como Je­sus virá para res­ta­be­le­cer as con­di­ções de vida que ha­via an­tes do pe­ca­do, um de Seus ob­je­ti­vos será aca­bar com a "guer­ra em fa­mí­lia" e es­ta­be­le­cer a gran­de fa­mí­lia dos sal­vos. Eter­na­men­te em paz. Eter­na­men­te fe­liz.

Autor(a): Mi­chel­son Bor­ges
http://amofamilia.com.br

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