Por Pastor Ismael Roselei de Carvalho.
Uma das maiores inquietações do povo cristão evangélico tem se mostrado ser a questão sexual, suas práticas e consequências.
É importante que haja conhecimento, mesmo porque ainda existe dentro de nós cristãos evangélicos, uma mentalidade de que o sexo é somente para reprodução; que somente o homem tem o direito ao orgasmo; e ainda, que o sexo é pecaminoso ou sujo.E dentre essas inquietações está a masturbação.
É pecado a masturbação?
Esse tema é muito controverso, mas parece-me que é muito claro como sendo uma ação pecaminosa, pois envolve o fantasiar o sexo oposto em cenas eróticas. Estou falando aqui do prazer solitário. Do prazer egoístico que em nada glorifica a Deus e sabemos que tudo que fazemos, o fazemos para a gloria Dele.
Exige assim, que o praticante polua a sua mente com imagens de sexo, podendo se caracterizar ainda caso de adultério, pois Jesus disse que quem tão somente desejar uma mulher que não a sua já adulterou com ela, valendo isso para ambos os sexos.
E quando o masturbador solitário fantasia o próprio cônjuge, continua sendo pecado?
Agora a situação se complica um pouco mais, e eu penso e digo: Depende, pode ser pecado e pode não ser pecado. É pecado quando:
-É pecado quando ele não tem razões para isso, o seu cônjuge está ali, o deseja, está com saúde, enfim, estão presentes os requisitos necessários para um encontro sexual (pecado do egoísmo).
- É pecado quando o tempo em abstinência é curto e o sacrifício não seria tão grande assim. (pecado da falta de domínio próprio).
-É pecado quando isso caminha para o vício, sai do controle de tal maneira que o praticante já começa a não sentir falta de seu cônjuge, torna-se um prazer egoístico e fora dos propósitos do sexo (pecado de negar o prazer ao cônjuge).
Nesses casos e quem sabe em outros que eu não imaginei, mesmo não fantasiando uma terceira pessoa, constitui-se em pecado.
Paulo ensina-nos assim: "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências" (Rom 6:12). Também diz: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas" (ICor 6:12). E aí, você é escravo da masturbação?"
E quando a masturbação solitária não seria pecado? Acredito que não seria pecado quando:
- o cônjuge estiver passando por uma abstinência forçosa e demorada, e já o abrasar-se que Paulo fala torna-se uma luta pessoal, e os olhos instintivamente buscam o sexo oposto com interesse, quando vai dormir e tem sonhos com as pessoas com as quais esteve durante o dia. Ou será que isso não acontece com os crentes?
Paulo preocupou-se com a abstinência sexual, porque desprezaríamos essa verdade da vida. Ele disse que a abstinência deveria ser por um período pequeno de tempo , para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência ( pela falta).
Penso que não seria pecado a masturbação solitária desde que todo este contexto esteja presente no caso concreto, e ainda, que seja eventual, ocasional e quase um motivo de força maior. Inclusive para evitar pecados com consequências mais danosas.
O que não pode é tornar-se um vício egoístico ou adúltero ou mesmo que afaste um cônjuge do outro. E novamente digo desde que não fantasie outra pessoa que não o seu cônjuge.
Ressalto que isso que digo é uma forma de se pensar e não uma autorização, um alvará, mesmo porque posso estar errado, a bíblia não tece minúcias sobre o tema. Penso que não podemos é negar o problema fazendo como o avestruz que diante do perigo enfia a cabeça no buraco deixando todo o corpo exposto ao perigo.
E quanto a masturbação a dois , caso de casal casados?
Quando o casal casado sente prazer na masturbação a dois, não há pecado algum nisso, um pode praticar a masturbação no outro sem maiores preocupações, mas veja bem, não pode haver o fantasiar de outra pessoa que não o cônjuge.
No mundo evangélico de vez em quando vemos alguém chamando a masturbação de “onanismo” , algo do qual Deus não se agrada. Deixe-me explicar o que é o tal onanismo.
A Bíblia fala de um personagem chamado Onã , cujo irmão faleceu sem gerar filhos. Nesse caso, Onã tinha o dever diante de Deus de se deitar com a viúva, sua cunhada , e gerar filho para o irmão falecido, de maneira que a descendência dele existisse. Mas Onã, rebelando-se contra Deus, deitou-se com a viúva de seu irmão, e quando ia ejacular, o fazia fora do corpo da mulher, deixando cair o sêmen no chão. Isso foi mal aos olhos de Deus. O mal estava no egoísmo e desobediência de Onã que quis ter prazer sem ,entretanto, gerar filho para o irmão falecido.
A masturbação não pode ser marcada pelo egoísmo, mas por uma necessidade fisiológica e/ou um prazer a dois. Um homem por exemplo, a sua produção de sêmen não para, a cada dia aumenta e aumenta mais. Em algum momento vai ter que sair de seu corpo. Em alguns casos o homem sente dores muito forte nos testículos por períodos prolongados, fica excitado a todo instante, é o abrasar-se.
A Palavra de Deus diz: "Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará." Hb 13:4. O leito sem mácula é o leito matrimonial sem o que ele diz em seguida, "devassos e adúlteros". Mas o que e ser devasso?
O dicionário define devasso como "Dissoluto, libertino, vicioso, desenfreado, licencioso, imoral, pervertido, perverso". Dessa forma, se o casal concorda com o que faz, com moderação, como uma alternativa, até mesmo como uma proteção para o casamento, não creio que seja devassidão.
Veja este outro texto:
“Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam as tuas fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos juntamente contigo. Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente. E por que, filho meu, andarias atraído pela mulher licenciosa, e abraçarias o seio da adúltera?" ( Pv.5).
É a Bíblia dizendo do valor do sexo como fonte de prazer para ser usufruído a dois e dentro do casamento, revelando inclusive, que ao usufruir assim deste prazer, o casamento estaria protegido.
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